As Mulheres
Theotókos - Mãe de Deus e nossa...
Nós, pregadores, tentamos impressionar
tanto os nossos ouvintes com verdades transformadoras, que às vezes exageramos.
Acho que isso ocorre quando dizemos que Jesus morreu sozinho na cruz. Sim, ele
foi abandonado por aqueles judeus materialistas, inconstantes, por seus
apóstolos e até mesmo pelo Pai, quando tomou sobre si as nossas iniqüidades, mas
Jesus não estava completamente só.
Na cena comovente da cruz, vemos as
mulheres fiéis na vida de Jesus. Na verdade, três dos evangelhos contam que
essas mulheres se achavam à distância, contemplando o que se passava na cruz;
mas João 19:25 diz que elas se encontravam próximas à cruz.
Essas mulheres galiléias eram caras amigas
de Jesus. Elas o ajudavam como podiam (Lucas 8:3; Marcos 15:41). A compaixão, o
amor e a dedicação delas por Jesus em seu ministério e agora em sua morte devem
ter incentivado muito a Jesus em meio à crueldade, ao ridículo e à descrença.
Salomé, mãe de Tiago e de João, encontrava-se na cruz. Se tivéssemos estado lá,
poderíamos ter abandonado Jesus por causa do amargor e do ressentimento. Em
Mateus 20:20, ela pediu que Jesus desse lugares de destaque aos filhos dela no
reino. Jesus ensinou a ela e a seus filhos como estavam errados em sua
ambição.
Salomé
S a mulher que Jesus recusou; ainda assim, lá estava, na cruz S sempre dedicada
a Jesus, mesmo sem conseguir o que queria. Muitos desistem de Jesus quando não
vêem preenchidos os seus desejos, mas Salomé nos ensina a confiar no Salvador
apesar da decepção que possamos sentir.
Maria Madalena
estava lá. Ela já tinha conhecido a desgraça de ser possuída por
sete demônios, mas, depois que Jesus os expulsou, Maria era uma nova mulher. O
amor dele a havia resgatado, e o amor constante dela por ele jamais se
esvaneceu. Mesmo na cruz, quando as pessoas diziam que ele tinha fracassado e
era um blasfemador, ela continuou a amá-lo, segundo mostra o seu retorno ao
túmulo no dia em que Jesus ressuscitou dos mortos. Não é maravilhoso que a
primeira a ver o Cristo ressuscitado tenha sido essa discípula dedicada? Da
mesma forma, se permanecermos fiéis ao Senhor, o veremos em toda a sua glória (2
Tessalonicenses 1:10).
Depois vem Maria, sua mãe. Situada
sob a cruz, é possível que ela tenha pensado naquele dia em que se achava no
templo, uma mãe ainda jovem. Ela e José estavam levando o menininho para ser
apresentado ao Senhor. Um velho saiu da multidão e profetizou que aquele
recém-nascido seria um Líder de homens, um Rei das nações. Depois disse a Maria
diretamente: "Também uma espada traspassará a tua própria alma". Na cruz,
cumpriu-se a profecia.
A Theotókos - por um instante - revivendo sua vida
ao lado de seu filho Jesus Cristo.
A espada feriu a alma dela quando pensou
nas três últimas décadas que se haviam passado. Ela tinha sido a primeira a dar
um beijo terno em sua testa, mas agora essa testa estava coroada de espinhos.
Ela tinha segurado as mãozinhas quando ele deu os primeiros passinhos, mas agora
essas mãos estavam pregadas numa cruz. Ela tinha guiado aqueles pezinhos no
caminho correto, mas agora estavam cravados num madeiro.
Ela deve ter lembrado como ele deixou
perplexos os mestres de Jerusalém com o seu conhecimento, e deve ter recordado
quando ele lhe disse: "Me cumpria estar na casa de meu Pai" (Lucas 2:49).
Ali começava a separação. (Pais, como essa separação dói, não é?) Maria sabia
que tudo seria diferente no futuro. Nem sempre entendia, mas guardava a
informação no coração e a considerava. Na cruz, o quebra-cabeça começa a fazer
sentido e lhe traspassou a sua alma.
Jesus foi crucificado abertamente, diante
de todos e de modo vergonhoso. E ali ficou Maria, sentindo a espada
atravessar-lhe a alma. Ela viu Jesus lutar para conseguir fôlego, e depois não
mais respirou. Se pudéssemos entrar no coração desta mãe e visualizar essa cena
no Calvário, sobretudo esses momentos finais, o sacrifício de Jesus seria mais
real para nós.
Impressiona-me o fato de Maria permanecer
calada. Se havia alguém que soubesse realmente a verdade, teria sido a mãe. O
silêncio dela é um testemunho eloqüente de que Jesus é Deus, o Filho que veio em
forma humana. Ela permaneceu diante da cruz sem se envergonhar e o amou até o
fim. Como foi triste o momento em que Jesus provê um filho para Maria! Mas Maria
e João se completavam, porque na morte de Jesus estavam perdendo mais que os
outros. Maria perdia um filho, e João perdia seu Mestre, que o amava mais que
aos restantes. Nem Maria nem João o teriam de novo da forma em que uma vez o
haviam conhecido, num relacionamento terno e amoroso. Jesus entendia o seu amor
mútuo por ele e, ao morrer, entregou um ao outro.
Mãe de Deus, consola também a nós...
Jamais subestimemos a importância dessas
mulheres. Outros fugiram, mas essas discípulas dedicadas arriscaram tudo para
consolar a Jesus em sua angústia. Não teria sido fácil presenciar a agonia, a
vergonha e a indignidade de sua morte. Ficaram firmes lá, no entanto. Uma coisa
é ficar ao lado de Jesus em seus momentos de alegria e de vitória, no dia de seu
poder, quando curou enfermidades, expulsou demônios e ressuscitou mortos. Porém,
outra coisa é ficar a seu lado na cruz, quando o céu parecia fechado para os
seus clamores e o diabo parecia tão vitorioso. Mas essas mulheres se mantiveram
inabaláveis. Nada podia vencer o amor e a compaixão que sentiam pelo Salvador.
Que sempre sejamos tão dedicados e firmes em nosso compromisso para com o Senhor
quanto o foram essas mulheres.
-por Barry Hudson
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