SS. Patriarca Ignatius Zakka I Iwas e SS. Papa Bento XVI
Quando eu era criança, sabia que existiam
cristãos de outras Igrejas, mas não os via de perto. Era mais fácil, por
exemplo, ter um vizinho espírita (ou um católico que frequentava um
centro espírita) do que ter ao lado um colega batista, presbiteriano, ortodoxo
ou algo parecido. Hoje eles estão mais presentes. Entramos no táxi e pode ser
que o motorista esteja ouvindo um programa evangélico, vamos a uma loja e é
possível que, no modo de falar de uma das vendedoras, percebamos sua filiação
evangélica. A televisão está cheia de pregadores de Igrejas novas. Nesse
cenário, é muito provável que, nas famílias de nossos catequizandos, haja
parentes com outras identidades cristãs.
Diante disso, o que vamos
fazer? Alguns acham que precisam preparar os catequizandos para enfrentar esses
“opositores”. Não é isso, porém, que nos pedem o bom senso e a própria doutrina
da Igreja. Temos, sim, que preparar os catequizandos para compreender, saber
explicar e viver com amor as características de sua identidade católica. Se
eles convivem com pessoas de outra Igreja (e será difícil que isso não
aconteça) devem estar firmes no seu jeito católico de viver a fé, para poder
explicar com tranqüilidade, sem medo e sem postura defensiva, por que têm
determinadas atitudes, modos de celebrar, e em que consiste a Tradição da sua
Igreja. Mas isso não pode ser feito como preparação para a guerra, precisa ser
trabalhado em clima de diálogo, com o devido respeito pelas convicções alheias.
Boa orientação pode nos vir das palavras de Pedro: “...estai sempre prontos a
dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Fazei-o, porém, com
mansidão e respeito e com boa consciência...” (1 Pe 3, 15-16) Isso inclui saber
ouvir e reconhecer o amor que o outro irmão cristão dedica a Jesus, perceber
como ele sinceramente quer viver como discípulo do nosso mesmo Mestre. Também
precisamos cuidar das palavras que usamos para falar dos outros cristãos, de
modo a explicar as diferenças sem esquecer as semelhanças e sem desmerecer a
boa intenção com que cada um busca seguir o que aprendeu na sua comunidade
religiosa.
Alguém poderá dizer: mas
isso não representa um risco de assimilação do nosso catequizando pelo outro
grupo? Creio que a preparação para a guerra traz um risco ainda maior. Alguém
que ouve falar mal do outro e descobre que ele não é tão mau quanto lhe
disseram está muito mais vulnerável do que o que se prepara para o diálogo.
Além disso, uma demonstração de boa vontade também gera um sentimento menos
belicoso no outro. É difícil brigar e ofender quando o outro nos trata bem.
Além disso, esse tipo de diálogo é exatamente o que a nossa Igreja nos pede;
estaríamos sendo menos católicos se fizéssemos algo diferente. Também
precisamos pensar no bem que isso pode fazer às famílias em questão, que
precisam cultivar afeto, respeito mútuo e merecem a paz de saber que aquele seu
ente querido também está servindo a Jesus.
Temos e somos uma Família
Ortodoxa. Penso que está na hora de começarmos a pensar em encontros pastorais
de famílias que têm membros com outras denominações cristãs e casais de
casamento misto. Convivo há muitos anos com pessoas assim e posso testemunhar
que isso tem sido fonte de muita alegria, amizade e fortalecimento na fé.
Muito bem!!!!
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